Maraã, A Cidade Encantada dos Botos

O ENCANTADOR FESTIVAL DE BOTOS DO MUNICÍPIO DE MARAÃ, NO ESTADO AMAZONAS



A margem esquerda do rio Japurá, a mais de 650 quilômetros, subindo o rio Solimões, saindo de Manaus, capital do Estado do Amazonas, está Maraã. Conhecida como: "Princesinha do Japurá" e de " Cidade Encantada do Boto Tucuxi".


Maraã, a mais bela das belas

" Eu sou a  bela das belas, difícil de me esquecer...
Subindo o rio Japurá você pode me conhecer.
Beleza e fartura aquém, felicidade e peixe no moquém.
Jamais comendo só, jantando e degustando o bodó.

Minha Beleza não para aqui, está nas águas mais profundas
na casa da dona Raimunda...
Sem falar no pirarucu, tambaqui e jaraqui
na aldeia dos Kanamari.

Você pode me conhecer, nem que seja só pra se divertir,
junto com um lindo Festival, o dos meus Botos: Vermelho e Tucuxi.
Desafio você se apresentar, de qualquer janela do mundo,
beleza, e certeza sã, igual a mim, cidade de Maraã.
Caminhando pela orla, você vai apreciar um dia lindo de sol.
E junto com o pescador: arpão, flecha e anzol".


Hoje já a conheço, e não paro de ti admirar, espero que
continue a me inspirar...
O Criador foi "muito" perfeito, ao desenhar cada seu lugar
Com beleza e fartura profundas, jamais vou ti abandonar...


" Quando me conhecer e ver, meus: amanhecer e entardecer;
Jamais irá se desfazer, de tamanha beleza, sem ao menos os viver "...




Poema de Everaldo N. Araújo ( de Maraã )







O artista Neto Damasceno, interpreta o personagem do Pajé do Boto Tucuxi no Festival dos Botos de Maraã-Am, em 2018.



Maraã é uma pequena cidade, situada a margem esquerda, no rio Japurá, o qual abriga apenas dois municípios: Maraã, e o município de Japurá. Desde o ano de 2006, momento oportuno, em que,  por todo país, eventos culturais e produções artísticas eram estimulados pelo governo federal, através da lei de incentivos fiscais a cultura e a educação, foi construído, no cenário daquela localidade, um festival notório!


Os populares da cidade de Maraã fazem de sua festa de botos, uma das mais animadas possíveis.



Por se fazer parte geograficamente dos arredores do arquipélago de Mamirauá, onde há projetos de preservação ambiental e, de biodiversidade ecológica, que envolve várias espécies fluviais dos rios, Solimões e Japurá, os habitantes de Maraã resolveram adotar a figura do boto para simbolizar o motivo maior de sua festa!



Os Festivais da Amazônia sempre retratam os costumes, tradições e mitos da floresta. 


Inspirado na disputa folclórica de outros grande festivais da Amazônia, o município de Maraã se dividiu, a se formar dois grupos entre os botos: Vermelho (inia geofrensis) e o Tucuxi (sotalia fluviatilis). O grupo do Tucuxi adotou a cor lilás, como símbolo cromático de identidade sociocultural. O boto Vermelho, do mesmo modo, adotou a cor vermelha. E assim, foi fundado um duelo intrigante de cores, de artes, de música, de indumentárias e de muita emoção!



Apresentação do pajé do Boto Vermelho em 2018, interpretado pelo dançarino Quecijhone Dário. Os figurantes de indumentária de morcegos são também da Tribo Coreografada masculina do Boto Vermelho.


Quem visita a pequena Maraã, durante o momento de se preparar e apresentar seu festival, na arena da disputa, chamada de Remanso  (ou de Centro de Convenções Desportivos Arlindo Bezerra), se depara com um momento mágico e encantador! Desde o ano de 2006, já foram realizadas 8 edições da festa dos botos.  O quadro de  disputas, a cada cetáceo amazônico, no festival de Maraã, possui 4 vitórias para cada boto. Atualmente, as Agremiações Folclóricas aguardam uma disputa nova, que definirá, permanentemente, o campeão maior da cidade! Entretanto, o grupo do Boto Vermelho, foi o primeiro a ser "tetracampeão"! Os dois botos buscam o inédito título de pentacampeão da festa.




A CADA ANO DE REALIZAÇÃO DO FESTIVAL DOS BOTOS AS ESTRATÉGIAS SÃO SEMPRE RENOVADAS.


Independente de títulos, no festival, o que ocorre durante a noite do espetáculo, que sempre é apenas uma, é um momento totalmente mágico e encantador! O habitante da cidade, que se identifica com a festa e com as Agremiações, se entrega de corpo, alma e identidade cultural ao espetáculo. As pessoas, que no dia a dia, suportam todas as adversidades sociais, e de infraestrutura, que vai, desde a comunicação precária, até mesmo dos problemas do cotidiano. Conseguem sublimar, a tudo e a todos, formando uma massa popular que comove aos olhares dos mais sensíveis forasteiros, e principalmente, dos que nunca estiveram na cidade. Por isso, o papel social desses espetáculos, forjados através da identidade étnica, mitológica e ambiental, fazem o sujeito, que aprecia e se comove com a festa, sentir e absorver o apelo de vontades e desejos ao aprimoramento de todo o conjunto abstrato que envolve as carências daquela pequena cidade.




O Boto de pano de Maraã é um símbolo tanto de alegria quanto de preservação da natureza fluvial da Amazônia.




Ensaio dos grupos tribais do grupo Folclórico Boto Tucuxi de Maraã-Am 2018


É dessa forma, que, a pequena Maraã dialoga com sua região geográfica. Há uma filosofia de valores, costumes e de resgate antropológico em todo esse contexto cultural e folclórico. No Amazonas, apesar do forte apelo da mídia, a espécie do Boto (Inia geofrensis), não é chamada de Cor-de-rosa. Tradicionalmente os populares o chamam de Boto Vermelho. E esse fato se deve ao pesquisador brasileiro, Alexandre Rodrigues  Ferreira, viajando no rio Negro, ao final do século XVIII, ter observado o sol refletindo os raios dentro d'água, dai ele percebeu que o tom rosado da pelo do Boto ficou avermelhado, e o chamou de Boto Vermelho.



Tribo coreografada feminina do Boto Tucuxi de 2018, as Icamiabas.






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Referência


 
A Cidade de Maraã-Am


Boto Tucuxi - Retrospectiva a uma Trajetória de Inovações, 2017.

Fotos - acervo particular do Blog - A Missão

Leo Gomes - Canal do you tube (Leo Gomes).

Maraã-Am, Memórias no Jacitara, 2017.

Neto Damasceno - (Canal do You Tube de Neto Damasceno), 2020.

Quecijhone Dário - (Canal do You Tube de Quecijhone Dário)

Revista - Amazônia, Caminho das Águas agosto/setembro 2007.

Revista - Big Amazônia, 2001.  

Revista - Ciências para Todos (INPA) 2013.


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