A Praça da Villa de Coary
A PRAÇA CORONEL GAUDÊNCIO EUCLIDES SOARES RIBEIRO
O Lugar de Tauá-Mirim, ilustrado pelo viajante Paul Marcoy em 1848. Esse local daria início a futura Villa de Coari em 1874. Assim começava os núcleos de povoamento da Amazônia no século XVIII.
As praças instaladas em qualquer cidade do mundo são espaços democráticos à permanência dos que vivem, moram, visitam ou conhecem o local onde se encontram. São construídas e fundadas a promover o comércio, divertimento, pontos de encontro e celebrações cívico-sociais. Não importa se estão localizadas numa grande cidade do mundo, como a Praça Vermelha de Moscou (Rússia), ou num “lugarejo” qualquer do interior da Amazônia. Denotam várias eras aos habitantes e viajantes, por isso, muito mais que um lugar de encontros e celebrações, contam e recontam a história da cidade onde estão fundadas. Todavia representam o marco à identidade de determinado lugar. Maria Evany do Nascimento (2013) em sua: “Monumentos Públicos – Centro Histórico de Manaus” resume o contexto à praça:
Durante
toda a história não houve uma cidade que não tivesse uma praça. Esses
logradouros públicos eram projetados cuidadosamente para atender as
necessidades do tempo e do lugar onde eram abertos. Nas praças aconteciam todas
as decisões políticas da Grécia; as mortes pela Inquisição na Idade Média; as
apresentações musicais, festas e comemorações políticas e populares até os
nossos dias. Nossa época moderna, no entanto, criou lugares específicos para
essas comemorações, para atender a um público consumidor e pagador de seu
entretenimento. A criação desses espaços não anulou a criação das praças,
porque essas constituem espaços para respirar dentro da dinâmica das cidades.
Em meados do século XIX, precisamente por volta de 1854, ocorreria
a instalação definitiva do núcleo de povoamento urbano a “nova Alvelos”, a qual, vinte anos mais tarde, se tornaria a
clássica Villa de Coary. Naquele
remoto cenário hidrográfico, de um lago intacto, livre da poluição, da
“modernidade” e das irregulares ocupações, aquele singelo âmago encontraria
climatização e ordenação suficientes a ser condecorado como uma nova cidade. O
local “pertencia”, até então, aos irmãos Tomás
e Antônio José Pereira Guimarães. Na
verdade, as terras não tinham donos definitivos, todas “pertenciam” ao Império, cedidas apenas a alguns colonos
que, as exploravam e as demarcavam, aos futuros municípios. Se houvesse necessidade
de povoamento o Império indenizaria
os posseiros provisórios. Geralmente o precário indenizatório não rendia
muito. Após serem compensados, aqueles
poderiam viver no local como habitantes comuns, se assim o desejassem, entretanto
sem ter mais os antigos direitos sobre seu outrora rancho ou sítio. Foi dessa forma que, à mente de
alguns, surgiria aquele velho pensamento provinciano de posse: “Fui o primeiro a morar nessas terras, sou o
fundador.” Naquele tempo (séc. XIX), o governo do Brasil ainda estava sobre
o regime da Monarquia. Éramos um
reino de extenso território à América do
Sul. Tudo pertencia ao Reino. A Villa
de Coary seria oficializada pelo governo, em Manaus, no dia 1º de maio de
1874. Mas à cidade isso só ocorreria ao dia 2 de dezembro daquele ano.
Praticamente, 25 anos, após a instalação primária do núcleo inicial de
povoamento, a Coari, se conquistaria um título, o qual avalizaria sua permanência
naquele ponto geográfico à posteridade. Segundo a obra de Anísio Jobim, a Villa de Coary, em 1873, já abrigava uma considerada população em seus entornos:
Em
1873, um arrolamento procedido apresentava um total de 2.078 habitantes livres
e cinco escravos, sendo 1.006 homens e 1.072 mulheres, 2.023 brasileiros e 55
estrangeiros. *in Jobim.
Não foi necessário se esperar o título oficial de villa chegar a aflorar o
desenvolvimento. A velha localidade era construída pelos coarienses daquelas
épocas com toda euforia. A partir de 1861 as características de uma pequena cidade já começariam a ser
desenhadas às margens do lago de Coary. A primeira via de deslocamento de
trânsito, sitiadora do porto de embarcações e passeio público, estava sendo
talhada. Aquela primária estradinha daria origem à primeira rua do lugarejo, à
clássica Avenida Ruy Barbosa. Ninguém
sabe ainda afirmar qual foi o seu primeiro nome (se é que o teve). As primeiras edificações de
alvenaria eram erguidas, uma a uma, deixando para trás o cenário primitivo das
velhas e estigmatizadas palhoças de barro (casas de aldeados) cobertas de
palha-branca. Aquelas novas edificações seriam sedes da administração pública, comércio
de estivas, residência dos administradores, do Pároco e, dos grandes
comerciantes daquele lugarejo. Todos esses formavam um conjunto urbano pelos
arredores da primeira igreja erguida em honra à padroeira católica daquele
lugar. A igreja foi elevada no local da então Praça de Sant´Ana. Essa era à frente da cidade naquela época. Até o
final dos anos 20 essas características permaneceriam. Mas a nova igreja, desde
1909, suas obras eram fundadas à Praça de São
Sebastião (antiga praça de São Pedro). Aquela catedral tem hoje seus mais de 110 anos de fundação. Jobim consegue nos apresentar aquele ano
como a única data relativa à fundação da solene catedral de Coari:
Quando
D. Frederico Costa passou em Coari (...) a igreja de São Sebastião ainda estava
em obra, como ressalta em sua carta pastoral escrita em 1909. In Jobim, pg. 83.
A construção da nova Matriz representaria o crescimento
populacional, razoável à Villa. Ao
final da primeira década do século XX Coari ostentaria uma população de 7.891
habitantes. A Praça de Sant´Ana, à época da chegada de Montoril (final dos anos 20 ), demarcaria o bairro de Sant´Ana (daria origem ao atual bairro
de Tauá-mirim), seria o lado oposto do Igarapé de São Pedro (ao sul). Do outro lado do igarapé (ao norte), onde está
hoje a atual Praça Getúlio Vargas, rua Independência, XV de Novembro e Cinco de
Setembro, ficava o bairro de São
Sebastião. Sediava a Catedral de São
Sebastião (na antiga Praça de São Pedro).
A Rua Eduardo Ribeiro estava
sendo talhada ao lado direito da primeira capela, situada a Rua Ruy
Barbosa (de frente ao lago de Coary). A Praça de Sant’Ana não
conseguiu se firmar como o local portuário da cidade. Então, o canto, onde foi erguido o sobrado do Major Deolindo Dantas, assumiria o local portuário as últimas décadas do
século XIX, e à boa parte dos anos vinte.
Os moradores mais humildes foram deslocados a residirem mais adentro do
lugar (áreas periféricas), formando novos sítios e chácaras, os quais, mais
tarde, dariam origem as novas ruas e bairros da Villa (como o Tauá-mirim e o Chagas Aguiar). O desenvolvimento
daquele lugarejo era evidente e próspero a toda região. Aquela população de
indivíduos mais humildes foi deslocada cada vez mais à mata adentro. E assim surgiriam os bairros de Chagas Aguiar (antiga Estrada), Pêra, Duque de Caxias, Tauá-mirim
(antigo Sant’ Ana) e Espírito Santo
(o popular Morro). À vista do Igarapé de São Pedro estava à ponte de
madeira que ligava os primordiais bairros da localidade, assim nos diz Jobim:
A
localidade é formada por dois bairros formados pelo igarapé de São Pedro que no
verão seca completamente e no inverno toma bastante água, atingindo a uma
largura de sessenta braças. Na estação invernosa torna-se esse igarapé
excelente fundeadouro para as pequenas embarcações e mesmo para os vapores que
ali vem encostar. Esses dois bairros estão ligados por uma grande ponte de
madeira de lei que assenta sobre arcadas de alvenaria. Mede essa ponte 102 metros de comprimentos
sobre 3 de largura, e é guarnecida de singelo gradil de madeira em toda a sua
extensão. E este é um dos pontos mais frequentados de Coary. *in Jobim
Foto da Villa de Coary em 1867. Nesse período Coary ainda era distrito do município de Teffé ( a outrora Vila de Ega ). Foi feita pelo viajante e repórter alemão, Albert Frisch. O cenário mostra onde hoje está a rua Ruy Barbosa e a Cinco de Setembro. Ainda não se tinha o antigo sobrado da família Dantas. Provavelmente essa é a primeira fotografia do município de Coari.
A clássica ponte oferecia aos habitantes daquelas épocas o costume europeu, civilizado, de passeio, ao final de tarde. Foi construída a muito esmero sobre aquele Igarapé, em 1896, pelo superintende Major Augusto Celso de Menezes. Este foi um dos primeiros a se preocupar com a paisagem frontal da Villa. As árvores que se via na Praça Getúlio Vargas e a rua Ruy Barbosa foram plantadas na administração daquele Major. Além da ponte, rearborizou toda a orla da cidade, mandou instalar um pequeno farol a balizar as embarcações que chegavam à noite. Celso também instalou 40 lampiões que delineavam toda a orla da cidade, sendo os mesmos postos a partir da rua Ruy Barbosa à Praça Getúlio Vargas, à época ainda era denominada de Praça Gaudêncio Euclides Soares Ribeiro. Naquele momento, em Manaus, estava sendo construído o salão nobre do Teatro Amazonas. O uso da madeira regional, como piso daquele salão, inspirava alguns administradores ao glamour, pelo consumo econômico-gomífero. A Villa de Coary ostentava uma orla muito bem apanhada, apesar de ser uma localidade do interior. À noite, toda orla ficava iluminada, inclusive a ponte, pelas chamas bruxuleantes dos 40 lampiões aplicados às margens da paisagem do lago. Todo o iniciar de noite os lampiões eram acesos, com toda pompa, à presença dos moradores que saiam ao passeio vesperal e permaneciam nas ruas até o escurecer. A energia elétrica não existia, por isso, nos lares da época, se usavam das antigas lamparinas, lampiões e antigas velas de cera. O Amazonas vivia naqueles instantes os anseios à
Dr. Silvério José Nery nasceu no
município de Coari, a 8 de outubro de 1858, sendo filho do major reformado e
seu homônimo, Silvério José Nery e da senhora Ângela Nery. Silvério Nery,
nome que o tornou conhecido nos meios políticos amazonenses, assumiu o governo
do Estado do Amazonas no período de 23 de julho de 1900 á 2 de dezembro de
1903, quando passou o cargo ao seu substituto legal, monsenhor Francisco
Benedito da Fonseca Coutinho, que concluiu o mandato até o dia 23 de julho de
1904, data imposta pela Constituição Estadual para o término da gestão. Morreu
a 23 de junho de 1934 em Manaus, tendo o Dr. Aristides Rocha pronunciado um
emocionante discurso na hora dos funerais, conforme informa o escritor Agnello
Bittencourt no livro Dicionário Amazonense de Biografias. *Jornal do Comércio
de 2006
Em 1927, durante uma viajem de lazer, o escritor Mário de Andrade faria seu primeiro apanhado sobre a cultura do norte do Brasil. No dia 11 de junho de 1927, 13 dias antes do assassinato do prefeito Herbert Lessa de Azevedo, Mário passava pela clássica Villa de Coary se encantando pela singeleza do lugar. Na foto acima, posa na ponte sobre o Igarapé de São Pedro, construída em 1896. À esquerda na foto, se ver a torre da catedral de São Sebastião. Os pilares da ponte, e todos os outros detalhes, nos mostram com quanto de elegância foi construída por sobre o extinto igarapé.
A influência dos Dantas, ao cenário político da Villa, seria interrompida quando Alexandre Montoril fosse nomeado o novo Intendente (prefeito), ao final da década de 1920. Montoril chegou em 1927 encarregado de investigar o assassinato do prefeito Herbert Lessa de Azevedo. Daí pra frente não se demoraria a ser destacado como o novo prefeito da Villa de Coary. O último Dantas de que se têm notícias, a ocupar um grande cargo político, foi o filho do rico major Deolindo, eleito deputado estadual à década de 1940 (o popular Dandi). Deolindo era tão rico (e vaidoso) que mandou estampar seu nome na calçada à frente de seu sobrado. O intuito era impedir a passagem de qualquer um pela mesma. Puro orgulho. Em 1917, Luis Alfredo Dantas era mais um remanescente daquela família que compunha o corpo de vereadores da Villa. O novo núcleo de povoamento seria instalado pelos arredores de sua residência à atual Praça Getúlio Vargas. As novas intervenções urbanas de Montoril desagregariam os valores históricos ao lugar inicial da Villa aos nossos dias. O igarapé de São Pedro separava os locais de morada dos oponentes políticos: Deolindo (bairro de Sant’ Ana) e Montoril (bairro de São Sebastião). Do alto de sua janela, na sacada do imponente sobrado, Deolindo avistava a casa de Montoril na Praça que estava sendo moldada a sua nova representatividade política. Da frente de sua residência, Montoril "enxergava" o sobrado de Deolindo sendo "esquecido" no tempo, junto à velha história da antiga Villa. A chegada de Montoril demarcaria o alvorecer de Coari, como uma nova cidade ao Estado, a ser explorada e moldada a um novo tempo. As mudanças seriam rigorosas a um povoado que detinha ainda velhos costumes regionais. Decretos impositivos com proibições a várias atitudes e hábitos do lugarejo, naquelas épocas, foram estabelecidos. Na frente da cidade, onde havia os passeios de final de tarde, não se podia mais lavar roupas, muito menos estendê-las por ali; não se podia pescar, pular n’agua e nem tomar banho de rio, muito menos, consumir bebidas alcoólicas às margens do igarapé. Após as vinte e uma horas, era proibido, a qualquer cidadão, permanecer pelas ruas e calçadas, muito menos ingerindo bebida alcóolica pela rua. Quem possuía terrenos pelas redondezas da Praça deveria mantê-los limpos e cercados, caso contrário, a Prefeitura o confiscaria. Muitos foram confiscados. Nos dias de comemoração das datas cívicas, o povo era “convocado” a comparecer à Praça, a cantar o hino nacional e à audição das oratórias dos administradores. Os que se recusavam, recebiam o “convite” pela voz de policiais e de outros emissários à celebração. Essas medidas agradavam apenas aos seguidores do mandatário, ao povo em geral não. Como muitas mães de família precisavam das áreas do igarapé central, a lavagem de roupas ao sustento dos filhos, não cumpriam os decretos. A guarnição de polícia de época não dava conta de "prender" tanta gente, principalmente à noite. Então, o que findou sendo resolvido por Montoril foi acabar com o cenário dos ocorridos. Assim sendo, os “desordeiros” teriam que buscar outros rumos. Foi assim que começou os projetos ao aterramento do igarapé de São Pedro, demolição da ponte à bele epoque e de todos os outros adereços necessários aos ajustamentos disciplinares. O povo reclamava, mas de nada adiantava. Havia os que invocavam os nomes de seus antigos administradores, como o dos Dantas, mas apenas irritavam a Montoril: “No tempo do seu Deolindo todos podiam fazer isso aqui!” Nessa “disputa”, ganharia Montoril e perderia o centro histórico da clássica Villa. Sua grande ação de iniciar os aterramentos a se anular a velha Praça Coronel Gaudêncio, provocaria a ambição da nova elite a um crescimento constante e desordenado. Montoril foi o primeiro administrador público a intervir nos espaços urbano-históricos de Coari, à era moderna da cidade. Quando chegou a Villa, ao final dos anos 20, a praça central era denominada com o nome de Péricles de Moares. Este é o nome do escritor consagrado do Amazonas e foi nomeado prefeito constitucional de Coari a 13 de abril de 1926. Foi prefeito antes de Herbert Lessa. Péricles de Moraes morou naquela praça a partir dos anos 20 (século XX):
Péricles
de Moraes é amazonense de Manaus, filho do político Severo José de Moraes e D.
Evarista Mello Moraes. Fez seus primeiros estudos em Manaus e os chamados
Humanidades, em Belém do Pará. Foi professor, jornalista, Político, Escritor,
Acadêmico, foi estilista por excelência. Foi prefeito municipal de Coari em 1926, e
de Parintins em 1927. Foi fundador da Academia Amazonense de Letras e, por
vários anos, presidente da mesma. Em agosto de 1956 a Academia publicou em sua
revista, no Jubileu Literário, A trajetória do escritor e de sua vida.
Em geral, aquela Praça se tornaria o local de morada dos prefeitos
da época. Anterior a todas essas denominações, aquele logradouro foi chamado,
originalmente, de Praça 1º de Maio
(referência ao dia de emancipação da Villa e do Município, em 1874). Esta
denominação seria esquecida na época da proclamação da República. Coronel Gaudêncio,
o que administrou Coari, após aquela
proclamação, em 1889, daria seu nome aquele logradouro. Segundo Anísio Jobim:
Gaudêncio era um governante de muito prestigio da política local,
trazia uma tradição do tempo da monarquia, como um dos chefes mais influentes.
Era advogado provisionado e proprietário no município. Depois foi eleito
Deputado ao Governo do Estado. A principal Praça de Coari tinha o seu nome como
uma consagração aos seus serviços; mas há poucos anos mudaram-lhe o nome para
Epitácio Pessoa.
Em 1938, por decreto municipal do governo de Montoril, a história da cidade perderia grande parte de suas
características clássicas a se dá início uma trajetória moldada pelos domínios e
ostentação dos novos governos. Depois de Montoril
a Praça continuaria com a mesma
denominação dos últimos 80 anos, porém, com várias intervenções constantes em
seus entornos. Mais um nome e, personalidade, que denominou a Praça central da
velha Villa, se destacou à história
da antiga Villa: Epitácio Pessoa:
Epitácio Pessoa era a denominação da Praça Getúlio Vargas, antes de Péricles
de Moraes. Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa nasceu em Umbuzeiro, na Paraíba,
em 23 de maio de 1865. Teve uma grande trajetória na vida política do país. Em
1919 chegou à Presidência da República. Seu governo foi marcado por crises sociais
e políticas que anteciparam o fim da República velha. Aos 7 anos perdeu os
pais, por isso foi educado pelo tio materno, Henrique Pereira de Lucena, na
época governador de Pernambuco. Foi educado no Colégio Pernambucano, depois se
formou em Direito na faculdade de Recife em 1887. O escritor Anísio Jobim se
formaria na mesma instituição no começo do século XX. Ao deixar a presidência
Epitácio assumiu o cargo de juiz na Corte Internacional de justiça, em Haia, na
Holanda. Lá ficou até 1930. Epitácio
era tio de Fernando Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio
Vargas. Morreu em 13 de fevereiro de 1942. *acervo da internet
Todavia há também uma trajetória posterior a chegada de Montoril em relação à principal Praça de Coari. Desde 1874, receberia
mais de três denominações até se estabelecer a que se conhece hoje. Aquela nova
denominação, atribuída por Montoril,
ficaria sendo mesmo a de sempre: “Praça
Getúlio Vargas”. Até hoje é a denominação mais conhecida dos coarienses.
Depois que ganhou essa alcunha não a perderia mais. Perderia apenas suas
características físicas primárias como: o marco-zero (obelisco de 1940), o
busto de Getúlio Vargas (final da
década de 1930), coreto à música (construído em 1937), as árvores plantadas às
últimas décadas do século XIX, o chafariz azul (anos 60), a elegante ponte de
madeira sobre o Igarapé de São Pedro, o próprio igarapé... Todos esses
elementos, através de uma longa história e percurso político-social, foram instalados ou/e retirados
daquela praça, conforme o capricho e a presunção dos governantes de cada época
da cidade. Naquele tempo, não havia proibições ao batismo de locais públicos
com as personalidades ainda vivas. Os falecidos, como o prefeito Herbert Lessa de Azevedo, eram
totalmente esquecidos naquele auge do poder. Apesar de lhe terem dedicado varios locais da cidade com seu nome. Entretanto, em 1952, a Assembléia Legislativa do Estado
formulou uma homenagem póstuma ao prefeito morto em Coari em 1927, mas com o
passar das épocas, também, foi esquecida aos dias atuais:
Cinqüentenário do nascimento do Prefeito Dr. Herbert Lessa de
Azevedo – O Amazonas comemorou a 3 de maio último o cinqüentenário de
nascimento do Prefeito Herbert Lessa de Azevedo, assassinado a 23 de junho de
1927, em defesa da terra e da sua gente, por vinte indivíduos alcoolizados,
vindos em batelões do rio Apaurá, e que assaltaram a cidade e a Prefeitura, sob
o pretexto de questões de terras, com as quais a autoridade municipal nada
tinha, e matar diversas personalidades locais. O Dr. Herbert Lessa de Azevedo defendeu
a cidade e a sua Prefeitura, caindo morto, varado por diversas balas. O
Amazonas rendeu-lhes todas as homenagens – uma herma com o seu busto em bronze
na Praça Alfredo Sá, em Manaus, obra do escultor A. Zany; uma rua com o seu
nome na capital; o conselho municipal autorizou o Prefeito Dr. Francisco Pedro
de Araújo Lima, o autor de Amazônia,
a publicar um livro com tudo que se referisse ao moço amazonense tendo o In Memórian aparecido em 1930; a
Assembléia Legislativa, o Poder judiciário, e todo o Estado renderam-se provas
de gratidão. O município de Coari, importante cidade do rio Solimões,
prestou-lhe grandes homenagens, - o seu nome no grupo escolar e na praça
central; o seu retrato a óleo no salão da Prefeitura Municipal; enterramento
acompanhado de todas as autoridades, famílias e povo e sepultura perpétua.
Todos os municípios do Amazonas, sem exceção, deram a escolas, praças e ruas o
nome do prefeito assassinado no cumprimento do seu dever. O Dr. Herbert Lessa
de Azevedo era bacharel em ciências jurídicas e sociais, funcionário postal,
tendo sido secretário de seu pai, o escritor Raul de Azevedo quando este era o
administrador dos Correios do Amazonas e Acre, Prefeito de Parintins e Coary.
Tinha 25 anos de idade quando foi assassinado. *fonte jornal diário da tarde,
maio de 1952.
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Referencial
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BIBLIOTECA
Virtual
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