Lendas antigas, narradas há décadas pela Oralidade do Interior no Estado do Amazonas

 

Primeira História

TRÊS LENDAS AMAZÔNICAS

A Cidade Encantada do Boto

Aos curumins e cunhantãs

 


Inspirado em nossas infâncias caboclas



Alegoria do Festival dos Botos de Maraã (2018), no Estado do Amazonas - Espetáculo do Boto Tucuxi.   Se chama: A Cidade Encantada.

 

 



 Introdução



Nossos antepassados não conheceram a escrita ou, os sinais gráficos (fonemas transformados em letras), por isso, desde os tempos mais remotos, das tribos mais desconhecidas da Amazônia, a tradição oral vem traduzindo todo um conjunto de ideias e contextos regionais.  Era nas noites de luar amazônico,  onde os velhos e as velhas nas aldeias mais remotas, repassavam apenas pelo articular da língua, seus costumes e tradições, aos mais jovens de seu povo. Havia sempre um circulo de curumins curiosos pelas histórias, as quais eram contadas e recontadas pelos avôs desses velhos, quando, também, foram meninos no passado. Os rostos dos curumins estavam sempre iluminados pelas labaredas de uma vasta fogueira a qual enfeitava esse circulo de curiosos. O legado da oralidade chegou aos nossos tempos de criança também. Nossos avôs e avós sempre nos contavam suas coisas do tempo de infância. Sempre nos emocionaram com os momentos bons e maus de suas vidas, entretanto, também, nos deliciaram com as suas histórias mais encantadoras sobre os mitos mais fortes da Amazônia. O Boto, a Mãe d’agua e o Curupira foram sempre os entes lendários que mais inquietaram nosso imaginário infantil em tempos de outrora. É por isso que agora estão aqui essas três lendas, coletadas do imaginário e da memória amazônica.






 

 

 

 

 

 

 








 

Vista aérea da pequena cidade de Maraã, cidade sede do município de mesmo nome. Desde o ano de 2006, nesta pequena cidade, acontece a festa alegórica chamada de Festival dos Botos.

 

 

 

 

 

*Clique e ouça uma música sobre a cidade encantada do Boto, feita para o VIII - Festival dos Botos de Maraã-Am 

 


 




 

 


 

 

 O BOTO É UM DOS  ANIMAIS FLUVIAIS MAIS ENCANTADORES DOS RIOS DA AMAZÔNIA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O curumim parecia que nem tinha nome. Todos o chamavam só assim: curumim. Era curumim pra lá, pra cá, de dia, de noite... Desde pequeno ouvia aquelas estórias da tal cidade encantada do boto. Ele acreditava nelas. Seu pai contava, seu avô contava, por isso findou acreditando que o lugar existia de verdade. Então ele acabou querendo ir conhecer a tal da cidade. Só quem não contava essa estória era a mãe dele. Ela já não gostava nem de se ouvir falar em boto, pois tinha muito medo daquele bicho. Uma noite o curumim foi dormir, mas primeiro fez a tarefa da escola, pois a professora era muito legal e não gostava de desobedecê-la... 




Um mês antes de acontecer o grande Festival dos Botos em Maraã (2018), os jovens da cidade são ensaiados, em plena rua, com músicos especializados, suas danças para o espetáculo. É assim que acontece a festa do boto na pequena cidade.


Dormiu, e começou a sonhar... Estava na beira do rio quando um boto saiu de dentro d’agua e veio falar com ele. Tomou um susto daqueles porque o bicho não o chamou de curumim, mas pelo nome dele de verdade! O boto perguntou se ele queria ir até a cidade dele para conhecê-la. Mas o curumim disse que não dava, porque ficava no fundo do rio. Como é que ele iria respirar dentro d’agua? Entretanto, o boto falou que iria dar um jeito nisso. A única coisa que tinha de fazer era dormir mais cedo na próxima noite. O curumim só ficou pensando no que iria falar para sua mãe  se ela perguntasse o porquê de se deitar tão cedo naquela noite?! O boto era "cheio de moda", falou para ele dizer que estava com dor de barriga. Por isso deitaria cedo. Então foi embora e o sonho acabou. 



Porto flutuante de Manaus-Am, as 6:00 da manhã, durante a formação de uma grande tempestade, em janeiro de 2020, antes de acontecer a grande pandemia do Corona vírus. Segundo as velhas tradições dos amazonenses, não é bom está sozinho na beira do rio  nesse horário...


O curumim acordou e já era de manhã. Teve que se levantar.  Passou o dia inteiro esperando à hora de dormir de novo, pois queria porque queria ir à tal da cidade encantada do boto. Quando chegou às sete da noite ele foi se deitar... A mãe logo perguntou o que ele tinha, mas fez do jeito que o seu amigo boto mandou. A mãe acreditou. E não é que o curumim começou a dormir mesmo! O sonho principiou e, logo, já estava na beira do rio, esperando o boto vir de novo. Quando ele chegou falou para o curumim se deitar na margem e fechar os olhos, pois teria que dormir novamente. Mas ele já estava dormindo e sonhando! O boto disse que tudo isso era para que ele não se afogasse, então iria ter que dormir de novo, e dentro do sonho. Foi ai que ele entendeu. Deitou-se e dormiu na beira do rio, de novo. O boto o acordou, mas o curumim tomou um susto! Estava dentro da água e nadando muito rápido. Depois eles chegaram à entrada de um igarapé, seu amigo boto disse para ele conversar com as índias que se transformavam em vitórias-régias. Mas ele perguntou onde elas estavam?! Respondeu que os esperava bem na entrada do igarapé. Quando o curumim as viu se assustou mais uma vez! Era um susto atrás do outro. As cunhantãs estavam dentro d’agua. 



Ilustração da índia se transformando em flôr, esculpida na entrada da arena do Festival Folclórico da Ilha de Parintins (2014).  A Lenda da Vitória-Régia, flor aquática da Amazônia, explica a transformação de uma índia em vegetal.


Da cintura para baixo eram flores, para cima, índias. Então ele falou que queria ir à cidade encantada, elas disseram que ele tinha de se deitar de novo, em cima do tronco de pau, e dormir mais uma vez. Somente depois apareceria o portal para se adentrar na cidade. Mas ele já estava dormindo duas vezes. De qualquer modo, fez o que pediram. Deitou-se no tronco de pau e logo dormiu, pela terceira vez. Mas o tronco não era de pau, era a cobra-grande disfarçada - a boiúna. Foi ela quem o levou até o portal. Entretanto, ninguém falou pra ele, pois poderia tomar era um grande susto com a boiúna e ficar com muito medo dela. Quando acordou de novo, estava do lado do amigo boto, na entrada de uma linda cidade, bem lá no fundo do rio... 




Escadaria da orla de recreação da cidade de Maraã-Am. Nos finais de semana os populares da cidade a usam como ponto de encontro, divertimento social e comunitário, para o tradicional banho de rio.


Havia uma escadaria enorme com muitos degraus para eles subirem. Era toda de vidro e cheia de luz. E tudo era enfeitado de ouro, prata, e muitos diamantes. Era tudo muito bonito, mas muito bonito mesmo! Tudo reluzia na cidade encantada! Após a surpresa com a vista do lugar, o curumim e o boto começaram a subir... Cada vez, que eles subiam um degrau, ia-se ouvindo uma música animada. Vinha de dentro da cidade. Batiam tambores e pandeiros, tocavam piano e violão.  O boto disse que estavam fazendo uma grande festa para chegada deles, lá dentro da cidade. Quando terminaram de subir, ele viu muitas casas e um grande e belo palácio, todo feito de ouro. Era muito lindo! Era tudo encantador!



No exótico Festival dos Botos de Maraã (2014), os cetáceos amazônicos são as grandes estrelas da festa! São apresentados em forma de grandes alegorias para se encantar  ao público. Nenhum outro lugar do mundo detém festas tão originais quanto as realizadas no interior da Amazônia. O mito finda virando realidade...


As casas eram todas de vidro e cristais, pareciam aquários! Os peixes menores moravam nelas. Havia muitos peixinhos e, quando o menino ia passando em frente das casas, os peixinhos davam até tchau pra ele. Dava para se ver tudo dentro das casas por que todas eram transparentes. Então ele ficou feliz, pois estava finalmente na tal da cidade encantada do boto! Quando o curumim chegou no lindo palácio de ouro do boto, tinha boto dançando para tudo quanto era lado, no dois pra lá e dois para cá. Apesar de se estar dentro d’agua o curumim conseguia respirar muito bem. Porém, ele se lembrou que estava dormindo e sonhando. Um sonho dentro do outro, e já era pela terceira vez! A festa estava muito linda! Tinha boto de todo jeito: do grande, do pequeno, do roxo, do cor-de-rosa, e do vermelho. Todos gostaram dele. Todos dançaram junto com ele. A festa ficou muito animada com a sua chegada. 



Alegoria sendo preparada para o Festival dos botos de 2014, em Maraã. Na Amazônia é assim, enquanto o Curupira reina nas matas, o Boto tem uma cidade encantada no fundo do rio, mas ninguém nunca consegue achar, só se o boto mesmo levar a pessoa para conhecê-la


Na grande mesa do salão, havia todo tipo de comida feita para bailes e festas: salgadinhos, bolos, tortas, pudins, doces, refrescos, guaraná, frutas bem frescas  e deliciosas, era tudo do bom e do melhor! Não havia nada feito de peixe e nem de crustáceos. Era uma festa animada demais! Não tinha quem quisesse que aquela animação toda se acabasse. Uma botinha cor-de-rosa, de longos cabelinhos loiros, começou a dizer que gostou muito do curumim. Ela disse que queria que ele ficasse na cidade para sempre, mas ele explicou a ela que deveria voltar para casa. O curumim só veio para conhecer a cidade. Os botos não queriam mais que ele fosse embora, pois gostaram muito dele. Ele disse que não dava para ficar, pois tinha de ir para escola, e ainda, ajudar o pai e a mãe em casa. Todavia, os botos disseram que não! Que ele tinha que ficar! Pronto e acabado. A tal da botinha já queria até namorar com ele! Na cidade encantada se cresce rápido, mas não se fica velho. Ele disse que não era "peixe" para viver no fundo do rio! Nesse momento, os botos se olharam ofendidos, e alguns ficaram até muito tristes...  




O banquete da cidade encantada também encanta ao estômago. Se há festa, tem de se ter boa comida! O boto sabe como  convencer seus convidados.


O curumim achou a cidade linda, tudo muito legal, mas deveria voltar para casa. Os botos disseram que iriam encantá-lo para que virasse boto também. Ele não queria ser boto. O boto, o que era amigo dele, falou que se quisesse poderia ficar sim. Contudo, o curumim perguntou como que iria voltar para casa?Mas o boto amigo respondeu que, só quando a festa terminasse ele poderia retornar. Mas a festa nunca terminava! Os botos só viviam dançando e comendo, não estudavam e nem trabalhavam. A cidade ficava todo tempo cheia de luz. Toda hora era dia. A noite não chegava. Por isso a cidade era encantada!... Na verdade, os bichos que vivem no fundo do rio não dormem e, nem os botos. Se chegassem a dormir ele aproveitaria para fugir. Então começou a ficar muito preocupado. Já queria até chorar. E começou a pedir para voltar. Mas a tal da botinha não o deixava ir, nem sair do palácio podia. Era um grude só com o curumim. Ela começou a persseguí-lo e a agarrá-lo. Ele ficou com muito medo de ser enfeitiçado por ela. Queria por que queria fugir da botinha, e ela, saiu nadando atrás dele!  Ficou desesperado quando a bota o pegou. Começou a gritar, desesperado, para que ela o soltasse, pois queria voltar para casa dele! Ele gritava, gritava, gritava!...  Então, ele gritou tanto que a mãe dele o puxou pelo pé, mas ele pensou que era a botinha, e disse: - Me solta sua bota doida! A mãe dele ficou furiosa e perguntou se ele estava ficando maluco (mas quem fica maluco nem responde pergunta dessa natureza). Foi ai que o curumim percebeu que já estava era dentro da sua casa novamente. Era de manhã cedo...



Na Amazônia, e principalmente no Estado do Amazonas, os caboclos moram em comunidades rurais que podem ser construídas tanto em terra, na beira do rio, ou dentro do próprio rio, as chamadas casas flutuantes. As que ficam perto de cidades, construídas com longas pernas, para se ficar acima do nível do rio, são chamadas de palafitas. 



O Curumim ficou muito feliz e emocionado! Abraçou a mãe dizendo que os botos queriam encantá-lo e transformá-lo em boto também. Ela ralhou com ele e falou que iria era lhe dar uma surra para acabar com essa estória de boto! Só vivia falando nisso. Era boto pra cá, era boto pra lá, o dia inteiro falando de boto! E agora o curumim já estava até sonhando com os bichos... Porém, ficou agarrado com a mãe dele, parecia um bebê, olhava para todos os lados com medo da botinha aparecer. Mas ela não veio não. Ele ficou feliz de ter voltado dos sonhos. Levantou e se arrumou para ir à escola...  Mas, quando foi pegar os sapatos dele, que estavam debaixo da cama, viu um pratinho de ouro com uma fatia de bolo e muitos docinhos dentro. Tomou um susto! Arregalou os olhos, pôs à mão no coração, seu queixo caiu, e saiu correndo desesperado e descalço! E a história acabou assim.



Na realidade da região amazônica, o mundo de águas, árvores e animais, transforma e encanta a imaginação do povo que nela habita. Desde cedo, as crianças aprendem a viver, brincar e a respeitar o seu meio ambiente. Pular na água, no final da tarde, é proibido pelas razões dos mitos. Mesmo assim, há as crianças que desafiam, de modo guerreiro, as tradições de seus avós. 




E agora, quem quer ir até à cidade encantada do boto?!

 


*Clique e assista um pouco do Festival dos Botos de Maraã-Am.







FIM





 
















































Epílogo


A botinha percebeu que o curumim não queria mais saber da Cidade Encantada e muito menos dela, por isso depois de ter deixado o pratinho de ouro com bolo e doces debaixo da cama, correu e voltou para o rio, antes que a mãe dele entrasse no quarto, e foi-se embora muito triste...

 

 







Segue a próxima História...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






 

Segunda História



A

RAINHA DAS ÁGUAS


Brincante do Festival dos Botos de Maraã-Am - Interpretando a personagem da Rainha das Águas.



*Clique no CD  e ouça a música da Rainha das águas do Festival dos Botos de Maraã-Am. 




A mãe do curumim vivia ralhando com ele. Mas não adiantava era de nada, parecia que queria virar era um peixe, pois só vivia pulando dentro do rio! Quando ela ia lavar as roupas na beira do rio, ele a ajudava a fazer o giral e a carregar a bacia (cheia de roupas sujas), entretanto, vira e mexe, o curumim ia para a beira d’agua sem a permissão dela e pulava n’agua feito um peixe. A mãe sabia que isso não era bom. Ela tinha medo de que os encantados o levassem. Os encantados, quando gostavam de alguém, só sossegavam quando levavam para o reino deles que fica bem lá no fundo do rio... Um dia, a mãe viu o menino de longe, pulando no rio, e sozinho. Aí, gritou pra ele ter cuidado com a “mãe d’agua”. Ele parou um pouco, pois ela nunca tinha falado “naquilo” para ele. Ele não fazia ideia de quem fosse essa tal de “mãe d’agua”. Imaginou que a mãe estivesse falando de uma “parenta” deles.




Tudo na Amazônia encanta. Ela não foi feita para ser uma criatura estática. O homem precisa aprender a conhecer suas propriedades naturais.



A beira do rio era um paraíso para o menino. Ele já tinha oito anos, e aprendeu a nadar com apenas dois. Nadava feito um boto! Quando ia pescar com o pai, ficava à vontade, pois o pai o deixava pular n’agua a vida toda depois da pescaria.  O menino não entendeu o que era ou quem era a tal da “mãe d’agua”. Ele não tinha costume de perguntar pra mãe sobre essas coisas de mulher. A mãe também não falava nada sobre isso. Ela só gritou naquela hora porque ficou furiosa com a desobediência dele! Geralmente levava uma boa surra depois que voltava para casa, mas não adiantava de nada. Surra nunca foi boa para ninguém levar. Era o mesmo que nada! A surra não curava o mal da desobediência. Um dia, perto do meio-dia, foi nadar no rio, depois iria para casa almoçar. Deu um pulo com toda força para dentro d’agua. Quando ele nadou de volta a superfície e pôs a cabeça para fora, viu uma mulher em pé, toda de vestido branco na beira do rio, bem de onde havia pulado. O vento soprava e seus longos cabelos negros eram levados de um lado para o outro. Ela era muito bonita, usava flores de cor lilás na cabeça, parecia uma tiara (uma coroa). Era igual as que as irmãs dele usavam para ir à missa aos domingos. Ele não ficou com medo!


O RIO TEM SEUS MISTÉRIOS, TEM SUA PRÓPRIA FORMA DE SER. O RIO ALIMENTA TODA A FLORESTA E SEUS HABITANTES. ASSIM TODA A FLORESTA SOBREVIVE.


A mulher perguntou se a água estava boa. Ele disse que sim. Ele pensou que fosse a nova professora que estivesse chegando à comunidade onde moravam. Havia outras crianças pelas redondezas, mas naquele momento, o rio era só dele. Nesses locais as casas ficam umas distantes das outras. As professoras, quando vem da cidade, moram na própria escola. Ele pediu até bênção, e ela lhe deu, pois as professoras costumam ser muito respeitadas pelas crianças nas comunidades do interior. Ela disse para ele não ficar muito tempo por ali, pois naquele horário era perigoso e o banzeiro podia ficar muito forte. Ele riu e disse que gostava era do banzeiro, ficava melhor para se mergulhar. Ele pulou no rio de novo, e quando voltou à tona, a mulher bonita já tinha ido embora...


Há um mundo aquático dentro da floresta. A água é o segundo elemento da floresta, depois das folhas.



Ele pensou que ela tinha voltado para a escola onde achava que ela iria morar. Em casa, ele disse para a mãe que a nova professora tinha chegado à comunidade. A mãe ficou feliz e falou que iria a tarde à escola para conhecê-la. À tarde a mãe foi à escola, e ele já se aproveitou da ausência dela para ir à beira do rio de novo! A Irmã dele, de dez anos apenas, disse para ele ajudar a limpar as louças e vasilhas do almoço, mas ele não quis nem saber. Na cabeça dele, lavar louças e vasilhas, era só para as cunhantãs. O trabalho dele era só pescar e ajudar o pai na lida. Ela lavou tudo sozinha enquanto ele ficava de “bubúia” n’agua. Quando terminou, recolheu tudo na bacia, pôs na cabeça e começou a subir o barranquinho para voltar a casa deles. Ela ainda disse que ele era um “abestado” e que a “mãe d’agua” iria levá-lo. Ele nem ligou para a ofensa, mostrou só a língua pra ela! Mas quando ela falou em "mãe d’agua", de novo, ele se invocou... 


Ninguém conhece os segredos reais que as águas do rio escondem. Tanta água em um só lugar deve haver uma explicação!

O pai, nunca tinha falado sobre aquilo, mas a mãe já tinha dito uma vez, agora a irmã dele falou “nisso” novamente. Ele ficou pensando: Quem era essa tal de mãe d’agua?! Achou que fosse uma vizinha velha e chata que iria chegar por ali, só podia ser. Mas não ficou muito preocupado não. Sozinho, na beira do rio, ficou que nem peixe, só flutuando...  Na cabecinha dele, de curumim do interior, a vida já havia lhe trazido tudo que queria. Tinha seu pai, suas irmãs e sua mãe a quem ele amava muito. A vida dele era pular no rio e brincar com as águas. Adorava pescar com o pai e trabalhar no pesado, pois para ele, homem que é homem trabalhava só no pesado. Ele ia aprendendo cedo, os conceitos e os pré-conceitos, dos que vivem na beira do rio. Era uma criança, um curumim ainda, mas já pensava como um homem.


Em alguns trechos da Amazônia, o rio  se parece com o mar. Por isso já foi chamado de rio Mar. Mas depois recebeu um nome feminino: Amazonas.


No interior as crianças amadurecem mais cedo que na cidade... De repente ela perguntou, lá da margem, se a água estava boa. Ele se virou e disse que estava. Depois disse que a mãe dele foi falar com ela lá na escola. Ela apenas sorriu e disse que já estava na hora boa de sair de dentro da água. Ele falou rindo que só mais tarde sairia. Ela disse que não era bom está ali naquele horário. Ele riu de novo e mergulhou no rio... Na cabeça dele, já era um pequeno homem, e mulher nenhuma iria mandar nele, só sua mãe.  Da casa, que ficava lá em cima no barranquinho, a irmã dele ouvia quando ele saltava e caia na água. Ela estava furiosa, pois toda tarefa doméstica sobrava sempre pra ela realizar. E quando a mãe saia para resolver algo por ai, ela virava a “empregada” da casa.


Em nenhum outro lugar, a vida possui esse tom do desafio, de se compreender a linguagem da selva e dos rios. Talvez nem seja para ser compreendida mesmo...



Achava injusto que só porque era uma cunhantã tinha de: limpar, varrer, lavar, cuidar, cozinhar, carregar água do rio, etc. De repente a mãe chega em casa com uma cara de quem foi ludibriada!  Pergunta pelo curumim. A irmã se aproveita e enfeita, diz que está desde cedo da tarde na beira do rio. A mãe fala que hoje vai ter “santo baixando no terreiro” (surra da boa no lombo). A menina pergunta pela nova professora, a mãe diz que não chegou nenhuma e, que o curumim, agora dera para mentir! Ao chegar perto da escola, a viu toda fechada, perguntou das comadres ali por perto, disseram que a professora nova só semana que vem.  Foi aí que ela ficou braba! Pensou que o curumim fez aquilo para ela sair de casa e deixar o caminho do rio livre, só pra ele, à tarde toda. Pois mãe, quando se encontra com vizinhos, proseia o dia todo. E assim o foi. Pediu para filha ir atrás do caboclinho. A irmã odiou o pedido, mas foi. O prêmio dela seria cada lambada de galho verde de goiabeira, no lombo do moleque. Ele não estava mais na beira do rio. Ela achou que ele voltara para casa. Na beira do rio não estava mais... Voltou já pensando que ouviria os gritos dele na porta de casa. A mãe perguntou por ele de novo. A filha irritada disse que no rio não estava! A mãe achou que foi se esconder no mato.


A Cada dia, vivendo na selva, seus próprios habitantes 

aprendem sempre uma nova experiência. A Selva tem vida própria.


Uma hora dessas o curumim apareceria... Um dia depois o desespero tomava conta da mãe, da família, da casa, da comunidade e de toda redondeza. O curumim, bom de braço n’agua, havia ido embora. Ninguém sabia pra onde. Procuraram durante dias, a remo, por todos os lados do rio, nos igarapés, nos lagos das redondezas, e não o acharam. Uns calcularam que foi a cobra-grande, outros a pirarara que o levou. A mãe só sabia da dor e do desconforto que a sufocava no peito. Coração de mãe é infalível. O pai estava desolado, pois seu curumim era como ele: forte, habilidoso e audaz. A irmã não sabia o que pensar, brigavam, mas eram irmãos. A família, de maioria de mulheres, ficou “órfã” do pequeno filho-homem. A mãe pensava, desamparada, com suas emoções e pensamentos apenas, foi ela... A mãe d’agua...


Os cenários dos rios e das florestas, na Amazônia, muitas vezes encantam o imaginário de suas populações. A imponência das águas aguça o imaginário.


O curumim não havia mentido, uma mulher veio até ele na beira do rio sim! Pensou ser a nova professora da comunidade e falou para a mãe... A professora que chegaria à comunidade... A mãe, porém, começou a imaginar que ele não desapareceu, mas foi encantado para o além do reino das águas. A mulher que vira na beira do rio o levou. A Rainha das Águas. Ninguém sabe para onde foi... Por semanas e semanas procuraram por ele, mas nada de se achar nenhum vestígio. Seu pai desceu o rio a remo, foi lá em baixo, e por lá ninguém deu notícia de nada e de ninguém. Ninguém viu nada. Por muito tempo o pai fez isso, subia e descia o rio na esperança de encontrarem o corpo. Além da mãe, o pai também imaginava e sabia o que poderia ter acontecido... A vida do filho não pertencia mais ao mundo das folhas, das águas e dos homens. Ele foi levado para outro lugar. Isso, ele não foi embora, foi levado...


O habitante tradicional das margens dos rios aprende, desde cedo, a respeitar seu cenário de sobrevivência.


Numa manhã de domingo, a mãe acorda bem cedo, antes de todos.  Pega algumas coisas que preparou um dia antes, e chega devagar até a beira do rio. Olha pra outra margem distante, muito distante. Vê o sol nascendo no horizonte das águas.  Põe a cuia no chão, arruma as flores-do-campo que colhera, põe algumas frutas e, um colar de contas azuis, junto às flores. Ascende à vela e a assenta no meio da cuia, entre as flores coloridas. Faz uma prece solitária, e por fim, entrega às águas suas dores, clemências e saudades... Sente o vento soprar em seus cabelos negros de mãe, olha para a margem, bem perto, e vê uma “coroa” de flores (em vários tons de lilás), bem no lugar onde tinha visto o filho pela última vez dia desses. Enquanto isso o vento vai levando, junto à correnteza, a pequena cuia em oferecimento a memória do seu pequeno curumim...

   



Talvez fosse um presente para tentar a devolução do filho... 

 





 fim






*Assista o vídeo da transformação da Rainha das águas no Festival dos Botos de Maraã-Am





 



(Leia a terceira e última história)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Pés do CURUPIRA

 

 


Para que nenhum leitor fosse encantando pelo feitiço dos pés do Curupira, eles foram cancelados na ilustração!



*Ouça a música sobre o Curupira do Festival dos Botos de Maraã-Am: 

 

 



Quem já viu o Curupira pelo menos uma vez na vida?! Ninguém viu. Mas não é mentira, ele existe de verdade. Quem me disse foi a minha vó. Pra quem mora no mato, é melhor não sair para se andar na floresta depois que chega às dezoito horas. Eu é que não saio, pois é um negócio estranho demais. Se a gente ainda está no mato, quando começa chegar a esse horário, é melhor ir caminhando logo para casa, e sem olhar para trás, pois minha vó contava que se a gente olhar, a gente acaba vendo o Curupira... E ninguém quer vê.  Se a gente vê, ele nos “encanta”, e faz a gente se perder na floresta. Não se pode olhar nunca para os pés dele, senão a gente fica doido, e assim se some no mato. É um negócio muito estranho. Quando a gente é encantado pelo Curupira,  a floresta fica tão diferente na vista que agente vê tudo de outro jeito.  Minha vó dizia que fica todo tempo como se fosse de dia.  O pior mesmo, é que se olhar direto paro os pés dele, Deus me livre, nunca mais se volta para casa, fica-se encantado no mato paro o resto da vida, perdido! Eu só sei dizer, que depois que começa a escurecer, a gente começa a ouvir cada som estranho na mata. De dia não se ouve esses sons de jeito nenhum. Todo mundo sabe que existem os bichos que cantam de noite: sapo, grilo e alguns pássaros  só cantam a noite. Tem uns que parece que até assobiam pra gente. 



Enquanto o Boto e a Rainha das Águas tem seus reinos no fundo do rio, o Curupira reina nas matas amazônicas.



O Problema é que, tem um troço, que bate à noite no tronco dos paus ocos, parece um tambor, mas não é. Às vezes parece um pica-pau, mas esse pássaro não voa de noite só de dia. E quando ficam “chamando” a gente com um tal de: “hú! hú"! Dá é um medo danado! Dizem que é a coruja, mas ela tem hora certa pra cantar, não canta qualquer hora não. E a coruja canta assim ó: ú úúú, ú úúú. A única coruja, que a gente tem medo que cante, é a “rasga-mortalha”. Se ela canta voando, passando em cima da casa da gente, dizem que a gente, ou alguém da família, morre em poucos dias. A rasga-mortalha canta assim: créu, créu, créu, cráááássssssss! O negócio assustador mesmo é esse tal de Curupira. Os pés dele são virados para trás, como se ele fosse um deficiente físico, mas isso não o faz ser lento não. O bicho corre feito o vento no mato. Tem muita gente que já foi encantada, mas só conseguiu voltar do “encante” porque o pai ou a mãe colocou cachaça e tabaco no mato. Somente assim se  livra a pessoa que está encantada. A pessoa sai do meio da floresta e volta para casa. Dizem que ele gosta muito é de tomar uma cachaça e de fumar um bom tabaco. Eu nunca vi e nem quero ver o Curupira. Minha vó era quem me contava que quando ela tinha oito anos, uma cunhantã (amiga dela) desapareceu da comunidade onde elas moravam. Ficava na floresta Amazônica.




Quem consegue achar o caminho, de volta para casa, depois do encanto do Curupira?



A cunhantã foi paro o mato com a mãe colher ingá, e de lá se perdeu. Ela era acostumada a ir e a voltar, porém já estava ficando de noite e a mãe chamou, mas quando olhou ao redor a filha já tinha era sumido. A cunhantã só tinha seis anos. A mãe correu para a comunidade, para pedir socorro! Um sacáca (pajé), cujo morava perto da casa dela, falou que o Curupira é quem levou a menina. A mãe ficou desesperada, mas o velho disse que sabia como trazê-la de volta. Era preciso deixar presentes paro o Curupira no lugar onde houve o desaparecimento. Não podia ser de dia, tinha que ser antes do sol nascer. A mãe teria de ir sozinha levar o fumo e a cachaça para deixar lá no lugar onde a cunhantã havia sumido. Arrumaram tudo, puseram cachaça na cuia e o fumo em folhas secas. A mulher foi mesmo, sozinha, deixar as coisas lá no meio do mato. Rezou, pediu e voltou para sua comunidade, já era madrugada. O sacaca disse que agora era só esperar, porém, tinha que esperar o amanhecer do dia, pois a menina ou voltaria às seis da manhã ou só às dezoito horas do outro dia. O povo da comunidade atravessou a noite acordado. Esperaram, esperaram esperaram, então amanheceu. Deu seis horas da manhã, e nem sinal da cunhantã. Minha vó contava que a mãe da menina chorava, chorava, chorava... 




Ninguém consegue ver para onde o Curupira foi!


O povo não sabia o que fazer. Os homens foram paro o mato atrás, passaram horas e horas procurando, entretanto não achavam nem um pedaço da cunhantã. Pensaram que a onça ou o porco-do-mato a tinham devorado. A mãe, completamente desesperada, apenas ficava chorando mesmo. O sacáca sabia que ela iria voltar, mas era velho, ninguém acredita mais nos velhos e nem nas crianças. Ele sabia que quando chegasse às dezoito horas ela iria sair correndo de dentro do mato. Ele imaginou que o Curupira já tinha bebido a cachaça e fumado o tabaco. Já era meio-dia, e a mãe estava sempre chorando, dizia a todo mundo que o Curupira tinha encantado a filha dela, mas ninguém acreditava nisso, apenas ela e o sacáca. Ninguém quase almoçou. Se minha vó ainda estivesse viva ela contaria essa estória para todo mundo, a quem quisesse ouvir, mas ela já faleceu. Só sei dizer, que, quando estava chegando o final da tarde deu um temporal... Foi a coisa mais horrível do mundo! Soprou um vento muito forte de arrancar as árvores do chão. O povo da comunidade voltou tudo correndo pras suas casas. Minha vó, que era criança nessa época, ficou morta de medo de sair e de ser encantada também, por isso, permaneceu dentro de casa o dia inteiro. A mãe dela, minha bisavó, disse para ela também não sair. Como já se tinha passado, praticamente, um dia todo do desaparecimento daquela cunhantã, acharam que ela já estava morta em algum lugar do mato. Quando o corpo começasse a catingar ruim (cheirar mal), todo mundo iria sentir e assim seria encontrada. 





Por um momento, eu pensei ter visto o Curupira, ali, perto do tronco de pau.





Pensaram em tudo que não prestava, que poderia ter matado a cunhantã: uma cobra venenosa poderia tê-la mordido, um bicho do mato a atacou e a devorou todinha (uma onça, um porco-do-mato, a irara, a cobra-grande); ou ainda, havia caído num buraco e morrido na queda. Outros ainda diziam que foi gente perversa que sequestrou a criança para levá-la a outro país, ou ainda, que foi o boto que veio e encantou a cunhantã. Naquelas horas apareceu todo tipo de conversa. Acreditavam no boto, mas no Curupira não! Minha vó estava triste, pois a menina era sua amiga. A mãe da cunhantã só rezava, e pedia a Deus e a Nossa Senhora, e também a todos os santos que conhecia,  que a trouxessem a filha de volta. Eu só sei dizer, que a minha vó dizia, que, quando deu às dezoito horas, e já era perto do anoitecer de novo, a danada da cunhantã apareceu na comunidade, correndo e gritando pela mãe. Ela saiu de dentro da mata! O povo levou um susto! Uns diziam que já era a alma da menina pedindo reza e vela, outros que ela já era uma assombração e veio para levar mais gente pro mundo do além! 





A folha da embaubeira parece que foi pisada pelo Curupira.





Mas a mãe correu e a abraçou. Todo mundo notou que não era uma coisa nem outra. A menina estava viva, inteirinha, e havia voltado. Ela contou para a mãe que quando estava vindo para casa com um feixe de ingá, parou e sentou num tronco de pau, queria descansar um pouco. Aí, de tão cansada, deitou e dormiu. Naquele tempo minha vó dizia que as crianças trabalhavam muito com os pais na mata e no roçado, e não tinham muito tempo para brincar. Quando acordou não viu mais a mãe. Ela disse que não veio logo pra casa por que chegou um curumim, do tamanho dela, e pediu para ela ir à cidade dele que ficava ali perto. Ela foi e passou o dia todo lá. Ele disse que depois a traria de volta para comunidade. Então, ela resolveu ficou brincando com as crianças de lá o dia todo, e foi muito divertido.





A floresta tem sempre a cor verde-esmeralda estampada em suas folhas de várias formas.



 
O povo ficou de queixo caído, pois ali perto não havia cidade nenhuma. A cidade mais próxima, só dava para ir de barco, e lógico, pelo rio, e era muito longe. Ficava a mais de três dias de barco a motor, e a mais de sete a remo. O povo perguntou como era a tal cidade desse menino. A cunhantã disse que era uma cidade normal e igual às outras. Tinha rua, tinha casa, tinha a mata, tinha gente... Só o que era engraçado por lá era que não anoitecia... A mãe estava muito feliz, pois sua filha não estava morta. O povo perguntou se ela sabia como ir até a cidade de novo. Ela disse que não, pois o menino não ensinou direito o caminho, mas disse que era bem perto dali. O povo continuou perguntando: “Como era esse tal menino?” Foi ai que ela começou a lembrar melhor do curumim, disse que ele era estranho. 



As árvores formam o reino do Curupira.



Não era moreno, mas de pele clara e tinha os cabelos cor-de-fogo. E o danado já até fumava tabaco. Mas ela disse para a mãe que não fumou com o menino. A mãe sabia que ela não tinha fumado, e também, já sabia quem era o tal do menino. O sacáca só ficava num canto, rindo, rindo, rindo e vendo o povo cheio de admiração com as histórias que a cunhantã contava sobre a tal da cidade do suposto “menino-do-mato”. Uma pessoa perguntou como ela conseguiu voltar. Ela disse que quando começou a sentir vontade de voltar, o menino a trouxe até o caminho da comunidade. E que ele não podia ficar porque iria escurecer logo, mas ficou olhando, pra ela não errar o caminho de novo até ela chegar na comunidade. A cunhantã ainda disse que quando a mãe dela a abraçou, ele ainda estava lá no mato, só olhando pra elas. Quando ela disse isso teve gente que até se benzeu! Depois que todo mundo se aliviou do susto, à volta da cunhantã, cada um foi pra sua casa dormir. 




As folhas, muitas folhas, mas muitas folhas mesmo são como as células que formam um corpo.




Todos estavam muito cansados e mais calmos. Ainda teve alguns que ficaram proseando até mais tarde. Disseram que: a menina ou sonhou tudo aquilo ou tinha ficado era maluca das idéias. A mãe da desaparecida, que reapareceu, rezou muito em agradecimento. No outro dia, acordou bem cedinho e resolveu ir até o lugar onde tinha deixado a cuia e o tabaco. Só estava a cuia, e de boca-pra-baixo, num canto da mata. Minha vó, que era gitinha (pequena) nessa época, ficou feliz pela volta da amiga, mas a mãe resolveu pegar tudo que tinham e foi-se embora da comunidade dois dias depois. Nunca mais ninguém viu a família daquela cunhantã. O sacáca, que vivia ali por perto, já havia estado na cidade do “menino-do-mato” uma única vez. Ele tinha sido encantado pelo Curupira quando era um curumim, mas o avô dele levou a cachaça e o tabaco pro mato para trazê-lo de volta. 




Se um dia você ver o Curupira passando pela floresta, nunca olhe para os pés dele!


E assim aprendeu o segredo para se quebrar o encanto do Curupira. O segredo é não olhar para os “pés” dele, senão você não volta mais e fica encantado para sempre na mata. A cunhantã, só voltou, porque não olhou. Foi ela quem contou esse segredo só para minha vó. Elas eram muito amigas. Porém, a minha vó contou para mim quando eu ainda era um curumim. Ela disse que não era pra eu contar pra ninguém. Mas resolvi contar, mas só pra você que leu a minha estória. Se um dia você for encantado, ou encantada pelo Curupira, já sabe que não se deve olhar para os pés dele. Espero que tenham gostado da estória, pois foi minha vó quem me contou.

 

 

 

FIM

 

 


*Assista a lenda do Curupira no Festival dos Botos de Maraã no Amazonas

 

 


 




Fotos e ilustrações: Acervo particular do Blog A Missão -


Histórias Coletadas da Cultura Oral do rio Solimões


Vídeos e áudios do canal da memória cultural da região:

No YOU TUBE -  A Missão II

Instagram - amissaoii8













 

 

 




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