O Blog "A Missão" tem como lema: História, Memória e Cultura. Buscamos um pouco do passado cultural e histórico a serem resgatados na região dos rios Solimões e Japurá.
TEFÉ
HISTÓRIA, MEMÓRIA e CULTURA
A |
bre-se aqui um breve capítulo para se apresentar
o município e a cidade de Tefé-Am, situado a noroeste de Manaus-Am, a 575 km da
Capital amazonense – em linha reta, à margem direita, subindo pelo rio Solimões, próximo a foz do velho rio Japurá.
A história oficial que reza a fundação do município, também vem
pelas vias dos aldeamentos, promovidos pelos padres jesuítas, principalmente
pelas missões fundadas por Samuel Fritz.
É a penúltima missão de Fritz, a qual
instalou bem antes da missão de Coari
(a dos Yurimáua). A quem vem descendo pelo rio, Tefé-Am está à margem direita do Solimões. A quem venha subindo pelo Solimões, está localizada a mais de 200
km, após a vista do município e cidade de Coari-Am. Sua fundação vem de 1688
com o aldeamento do povo Omágua,
supostamente, junto a outras etnias daquela região. Àquela remota missão Fritz teria batizado com o nome de Santa Teresa de Tefé.
Em 1708, quando Fritz foi expulso da região de Tefé, a aldeia
foi destruída por outro jesuíta, o Padre
João Batista Sana (o ato foi de desespero para não ser reconquistada pelos
portugueses), ao ano seguinte foi novamente reerguida pelo carmelita e frade, André da Costa. Os Carmelitas
reivindicavam as terras demarcadas por Pedro Teixeira em 16 de agosto de 1639.
Em 1718 a missão foi assentada onde hoje está a cidade, à margem oposta da baia
(lago) de Tefé. Naquela posição, o Coronel
Joaquim de Melo e Póvoas, Governador da Capitania, elevou-a a Vila
em 1759 com o nome de Ega - a Vila de Ega.
Mas somente a 25 de
junho, de 1833, foi confirmada a sua categoria de Vila com o nome de Tefé. Em 1758, com a Lei de 17 de agosto - de
impedimento linguístico, do famigerado Marquês
de Pombal, vários lugarejos da Amazônia receberiam denominações de origem
da língua portuguesa. A coroa Lusitana,
temendo pela predominância da língua
nativa, proibiu o uso da mesma por toda região amazônica. Com
isso, Coari passou a ser chamada de Lugar de Alvelos,
e Tefé Vila de Ega. E assim a região foi
perdendo sua língua original, afinal de contas ninguém queria ter a língua
“cortada” boca-a-fora! Esta era a pena pra quem desobedecesse, além é claro, da
prisão. Pela resolução de número 44, de 15 de junho de 1858, foi a Vila de Ega elevada à categoria de
cidade, com o nome de “Cidade de Tefé”. Havia um projeto naquela época que não vingou, o qual lhe
daria o nome de 'Cidade Nova de Teresinha',
de autoria do deputado João
da Cunha Corrêa. A 06 de novembro, de 1858, pela Lei de nº 92, foi
reconhecida como Freguesia da Província,
para efeitos civis e eclesiásticos com o nome, apenas e tão somente, de Tefé.
A lei linguística de um século atrás caducaria, pois em 1822 o príncipe regente, D. Pedro I, proclama a independência
do Brasil de Portugal.
Rico detalhe entalhado na grande porta da atual Catedral de Santa Tereza de Ávila, em Tefé. Os artistas caprichosos da cidade, retratam a trajetória de vida e fé de Tereza. Mesmo fechada, a porta conta uma história a quem passa...
Durante o período
revolucionário (década de 30 – séc. XX), foi mantida a Comarca pelo Ato de nº
29, de 14 de novembro de 1930, e o município, pelo ato de nº 45, do dia 28 do
mesmo mês e ano. 115 anos, antes de Coari receber o predicado de Vila, Tefé já ostentava o título. E 74
anos antes de ser consolidada como cidade, sua vizinha Coari não era ainda nem Vila.
A história que oficializa a cidade de Tefé-Am é muito mais antiga que a de
Coari-Am por esse prisma. A localização geográfica, estratégica, lhe respaldou
o amadurecimento político, há mais de cem anos, antes mesmo de Coari. O escritor
Anísio Jobim também registrou uma
obra literária (monografia) a Tefé – “Teffé,
Panoramas Amazônicos”, publicada
em 1937. Naquele tempo Coari terminava com “y” (coary) e Tefé era escrita com
dois “ff”(teffé). Na obra Topônimos
Amazonenses (de Octaviano Mello), temos o significado do nome dado aquela
cidade, e melhor explicado por aquele autor: 'Tefé significaria lago profundo'. Geralmente as cidades fundadas às margens de um lago, pela região da Amazônia, eram batizadas com o nome do lago. Os nomes eram de origem na língua nativa.
Com uma população atual, de mais de sessenta e duas mil pessoas, a cidade chega a sua maturidade político-regional sendo uma das mais antigas do Estado do Amazonas e, do interior da Amazônia. É uma “cidade-pólo”. Por quase duas décadas abrigou o posto de detentora da base de exploração de petróleo à região (hoje monopólio do município de Coari-Am). Sempre foi um município de porto-fluvial movimentado. A maioria das embarcações, as quais descem ou buscam como destino os altos rios, usa de seus “portos flutuantes” para local de embarque e desembarque, de passageiros e cargas, em direção a Capital do Estado e a outros destinos da região. Assim também como a outros Estados brasileiros.
A Catedral de Santa Tereza. Desde 1935 permanece com as características daquela década.
As localidades que creditam grande importância à economia da cidade, e de modo geral, as que se destacam nas áreas daquele município são: Nogueira, Jutica, Caiambé e Catuá. A área regional do antigo município (na época de sua fundação estadual) era bem maior do que a de hoje. Tefé resignou muitas áreas de seu grande território, clássico-geográfico, a se emancipar novas cidades em vários rios (afluentes do Solimões) aonde chegavam seus domínios territoriais. Na verdade, até os anos de 1930, a área geográfica de Tefé era de 500.000 km², mas com o desmembramento do município de Coari, a partir de 1932, definitivamente de suas áreas territoriais, começaria a perder partes de seu grandioso território outrora chamado de: A Corte do Alto Solimões.
Municípios como Fonte
Boa, Uarini, Maraã e Alvarães também nasceram pelo desmembramento de áreas
territoriais, todas advindas dos antigos limites geográficos de Tefé (nos anos de 1960). O
professor tefeensse, Augusto Cabrolié, escreveu em sua Síntese
da História de Tefé - de
1984, que no lugar do Uarini, ainda
quando era território integrado ao município, foi “inventada” e produzida à
famosa “farinha do Uarini”. Por isso
ele defende, filosoficamente, que aquela peculiar farinha (apreciada por toda a
região-norte) é procedente da identidade cultural de seu município.
Uma curiosa característica geográfica do município de Tefé é o bairro do Abial cujo fica separado da área urbana da cidade pelas águas do igarapé de Xadurini.
O povoado de Nogueira,
situado do outro do lado do lago, onde está estabelecida a cidade, é de importante
referência. Fica a 15 minutos de viagem em pequenas lanchas (e outras pequenas
embarcações), que volta e meia chegam ou partem, indo e vindo, daquele local. Cabrolié cita a importância do lugar
pelo aspecto histórico que oferece a Tefé-Am. A obra de Cabrolié reconstrói a história do município, estimulando aos que
buscam suas raízes tefeenses ao cenário do Estado. Junto a Anísio Jobim clama, pelo resgate-histórico e memorial, às coisas
inerentes a sua cidade:
A
realidade da região amazônica se impõe pela cultura, a que o rio nos lega, de
geração a geração. Morar perto, ou sobre as águas, é cultural no Amazonas. Ao
centro da foto, a torre da catedral de Santa Teresa se destaca por entre as
casas da beira do Igarapé do Xadurini. Entre o moderno e o tradicional
Tefé se preserva viva e gloriosa. *acervo de Lucelina Miguel – setembro de 2006.
Localizada à margem direita do Solimões, despontou ao cenário cultural do Estado legando um histórico especial, ao panorama artístico-cultural, e as manifestações populares típicas da Amazônia. Foi da inventividade de suas amostras culturais que surgiu a famosa dança “Ciranda” cuja aparição tornou-se, aos dias atuais, um grandioso e inovador espetáculo de arena aos méritos do município de Manacapuru-Am. A dança Ciranda originou-se no município de Tefé, depois foi transportada a outras localidades do Estado, como Coari e Manaus. Por essa via se estabeleceu em Manacapuru. Muitos outros municípios do Estado possuem, em seus quadros de danças folclóricas, a dança da Ciranda como atrativo sócio–cultural. Enquanto dança, tornou-se uma marca registrada de Tefé, mas só encontrou melhor climatização e grande desenvoltura, e evolução espetacular de alegorias, em outros locais do Estado do Amazonas.
Antigo Mercado Público de Tefé, na década de 1930.
Os personagens, líricos e clássicos daquela dança, sempre carregam consigo as características que relembram e remetem à história costumeira da velha Vila de Ega. Alguns desses personagens, assim como o ritmo dos instrumentos da dança Ciranda, têm origens pelos terreiros de Umbanda. É o caso como dos personagens-navegantes: Manelito e Marinheiro. Outros, das histórias populares e a fauna regional: o pássaro-preto carão e dona Constância. Assim como aquela, há outras manifestações folclóricas, brotadas do seio da cultura popular (a do povo tefeense) que se evadiram a outras cidades próximas até chegar gloriosamente a Capital do Estado. É assim que os tefeenses findariam dialogando, culturalmente e socialmente, com o cenário caboclo de produção artístico-cultural do Estado.
No documentário Sons e Cores da Floresta, produzido em 1988, pela Rede Amazônica de Televisão, destaca-se as danças: “Ciranda, originária do município de Tefé-Am (dançada em Manaus desde 1962); e a dança do Cacetinho que é apresentada, até aos dias de hoje, no clássico Festival Folclórico do Amazonas realizado tradicionalmente no local da Bola da Suframa”- hoje denominada modernamente - Centro Cultural dos Povos da Amazônia. O Cacetinho originou-se da tribo dos Tarianos naquele município. Assim foi que vários grupos da Capital constituíram danças indígenas inspiradas naquelas de Tefé. E tudo isso nos anos sessenta do século passado. Mas as danças vêm de décadas mais remotas da velha Ega.
Antigo Hospital da Misericórdia de Teffé, em 1937. *Jobim
Até 1988, ainda havia a
participação da cidade no tradicional Festival
folclórico da Bola da Suframa com o famoso “Cacetinho de Tefé”. Outras manifestações culturais como a do
boi-bumbá Gitinho ( hoje sediado em
Japurá-Am), foi criado por educadores tefeenses; a dança do Barqueiro, levada ao município de
Maraã-Am (por educadores de Tefé), e ainda, a Pastorinha que foi encenada em Coari-Am (nos anos setenta do século
XX) são todas criações da velha Vila de Ega, difundidas à região. Mas a excelência da criação de todas essas
manifestações é creditada, especialmente e unicamente, aos criativos e
inovadores artístas tefeenses.
Antigo edifício dos Correios e Telégrafos de Teffé, em 1937. *Jobim
Atualmente, grandes
festas populares ainda são celebradas pela cidade como a Festa da Castanha, o Festejo
de Santa Teresa (constando de novenário, arraial e procissão) e o aniversário da Cidade. Sendo uma das
mais antigas cidades do interior do Estado, até mesmo da história moderna da
Amazônia, impõe-se ao cenário da grande floresta estabelecendo sua história, rica
e emblemática, à história corrente do cenário amazonense. E ainda cultiva sua
fé católica, fervorosa, a sua padroeira - Santa Teresa de Ávila. É emblemática
a figura da santa espanhola, como ícone religioso, a fé do povo dinâmico à
cidade dos tefeenses. A história da trajetória da santa nos mostra que Teresa era uma mulher inteligente e
dedicada às letras. Ela foi canonizada por Roma, mas em vida foi uma religiosa e escritora.
Praça da Catedral de Santa Tereza de Tefé, a 1° de dezembro de 2018. A história da outrora vila de Ega se eterniza no cenário do local.
Todavia é preciso
ressaltar que, assim como em várias outras cidades da floresta, possui sua
memória patrimonial em risco de perda e desaparecimento. No entanto se conseguiu resguardar raros locais e lugares para não se apagar, ao
contemporâneo, a memória de um passado de glórias, estilo, identidade regional
e de grande religiosidade. Presentemente, e sempre, como em todo e qualquer cenário
populacional do país, Tefé-Am tem abrigado várias denominações do seguimento
cristão-evangélico. Assim também celebra a Palavra
pela tradição neopentecostal ao fenômeno sócio cristão, e pela multiplicação
das denominações.
Os antigos ângulos da histórica Vila de Ega ficaram registrados pelo olhar nostálgicos das antigas fotografias de época do amazonólogo Anísio Jobim.
Os lugares e prédios
antigos, apresentados pelas remotas fotos da obra do escritor *Anísio Jobim (e do acervo do blog), retratam o
cenário clássico e lírico daquela distante Teffé,
a de 1937. Possuía todo um conjunto de edifícios os quais serviam ao poder público, em atendimento do povo: mercado municipal, hospital, cadeia pública, usina de energia elétrica, correios, prefeitura, escola e a igreja católica. Aos poucos, o patrimônio
histórico da outrora Vila de Ega está sendo
consumido, também, pelos anseios à modernidade. Independentemente dessa
degradação cultural a imagem da cidade será sempre a de seu habitante, dotado
de inteligência pluralizada, prumo, esmero, grande inspiração, fé e alegria
harmoniosas. E a todas as coisas naturais que fazem a cidade acontecer,
fenomenalmente, à margem direita do eterno rio
Solimões. E que Tefé-Am também seja eterna...
Antigo prédio da Cadeia Pública de Teffé. * Jobim 1937
A visão de outros brasileiros à Tefé-Am
De Missão Religiosa no Século XVIII,
Vila de Ega, à Moderna Cidade de Tefé-Am
ao Século XXI
Segundo Augusto Cabrolié, memorável professor, pesquisador e escritor da cidade de Tefé, foi o poeta Gonçalves Dias o qual cognominou a cidade de "A Princesinha do Solimões”. Em meados do século XIX o lugar já existia e possuía toda uma estrutura igual a qualquer outra cidade à época na Amazônia. Desde sua fundação, em 1718, o lugar já estava sendo desenhado, geograficamente, a se figurar uma das grandes cidades da Amazônia ocidental. No século XVIII só havia três grandes cidades importantes em toda região: Tefé, Barcelos (primeira Capital do Estado do Amazonas) e Belém ( não esquecendo porém, de sua Santarém). As áreas geográficas do norte do Brasil eram assim delimitadas. Dessas três localidades foram nascendo outras Vilas e Lugares (inclusive a Capital do Estado originada em Barcelos). Das áreas demarcadas por Felipe IV (o Rei de Portugal), delimitadas pelo navegador Pedro Teixeira, em meados do século XVII (16 de agosto de 1639), a outrora Princesinha do Solimões daria passagem e surgimento de vários outros municípios. Foi através das demarcações de Teixeira que a era "Pombalina" se iniciaria quase que um século mais tarde.
Atualmente os municípios desmembrados de Tefé, através de um longo processo histórico-político, ostentam sua independência às margens do Solimões: Coari (1932), Alvarães (1960), Fonte Boa (desde 1891), Maraã e Japurá (1955), Eirunepé (1891), Carauari e Uarini (1981) estão na lista dos que, antes, eram áreas territoriais da antiga Vila de Ega. A denominação de Ega veio em 1759 com a Lei Pombalina que extinguiu as nomenclaturas nativas da região, nas cidades amazônicas. Naquele instante a cidade havia sido instalada no exato local onde se encontra atualmente. A antiga Missão de Santa Teresa, instalada no lado oposto do lago. Mas o antigo local continuou existindo até hoje e agora é chamado de Nogueira. Desde a mesma data da instalação do novo lugar de Tefé o antigo lugar do Parauhari foi denominado de Nogueira em homenagem à província portuguesa.
Tudo em Tefé é histórico:
suas áreas geográficas, seus lagos, sua orla, seus ares, seu clima, sua gente,
suas ruas e suas antigas edificações religiosas. Mas principalmente sua gente,
acima de tudo. Mesmo que não se preserve a clássica
Tefé, sua condição histórico-cultural será sempre escrita aos livros e aos
memoriais da floresta. A cara de uma cidade é refletida unicamente pela face de
sua gente. As cidades existem, porque junto a sua história, as pessoas a
fizeram acontecer e ser. Não importa se os ancestrais desses sujeitos se
encontravam no século XVII (como brancos em 1639), empunhando suas espadas, a
demarcar os territórios da Amazônia,
junto às fronteiras do Peru.
Antiga planta da cidade de Tefé, da década de 1930. Publicada na década de 1960 na obra do escritor Otavino Mello.
Ou, ainda, se estavam entre as várias tribos
indígenas, atacadas e escravizadas pelos brancos, atiçando seus arcos e flexas
a defender sua gente guerreira. Não importa se foram os Omágua, em janeiro de 1689, aldeados em Parauhari (hoje Nogueira), na Missão
de Santa Teresa, fundada pelo jesuíta
Samuel Fritz. Muito menos, importa dizer, se foram os habitantes
posteriores à Aldeia de Tefé, Cacuranas, Iumas e Tamuanas,
reagrupados pelo frei André da Costa (em
1709), da ordem do Monte do Carmo.
E assim se formaria a Vila de Ega, em
1754. Em meados do século XIX, os nordestinos começariam a migrar ao norte, e
até hoje continuam a vir. Os que vieram antes, vieram obstinados pelas notícias
que por lá chegavam do fausto da borracha. Milhares deles deixaram o sertão
para trás em busca da “floresta prometida”. São todos esses elementos humanos, os
formadores da face ancestral, daquela gente que hoje habita toda aquela região,
e sua memorável cidade.
A outrora Praça Getúlio Vargas de Tefé, em 1930. Um dia, nessa local, foi instalado um jardim que florescia com os tons das mais belas pétalas de origem europeia. Um encantador jardim botânico de espécies estrangeiras.
E as histórias dos lugares onde se vive, atualmente,
são narradas por cada qual, do seu modo, em seu mundo de imaginação e memórias.
Por essa via, surgem os resquícios de lembranças, pela fala humana, à história
moderna e subjetiva da cidade. E a
cidade ribeirinha, em sua moderna forma de ser, constrói seu futuro aos
próximos duzentos anos, de emancipação político-social. Tefé parece buscar a
eternidade às margens de seu profundo lago de incertezas e tradições sociais.
Apesar de se ostentar uma longa data de fundação social e urbana muito ainda
precisa ser feito, entre todo 'esse muito', está a necessidade de resgatar
comumente sua memória sociocultural a que sempre se saiba quem foi, como foi e
quem é Tefé, a outrora Vila de Ega. Na língua portuguesa, de onde se originou
a palavra ega, significa, de
acordo com Octaviano Mello: Terra da
Promissão. Mas aos tefeenses atuais, é apenas um nome primordial, esquecido,
nas páginas dos velhos e antigos livros de histórias.
Lembrar
é viver. E viver na Amazônia é construir, a cada instante, uma trilha vital à
identidade regional de suas cidades. Viver e sobreviver na região são dois
pontos de construção a uma experiência inédita, diferente de qualquer parte do
mundo. A floresta é um país dentro de outro país. Assim se imortaliza a história dos que a
construíram, através das épocas. Assim
mesmo algumas dessas histórias se perdem no tempo e no espaço. Por isso é
necessário rebuscá-las. Na rara foto, de junho de 1927, uma curiosa edificação de uma igreja que não se ver mais hoje em Tefé. Foto de Mário de Andrade.
À Tefé, algumas obras
literárias foram dedicadas como forma de se marcar e registrar seus aspectos,
fundamentalmente históricos. A primeira delas é a monografia do juiz de Direito
e Amazonólogo, Anísio Jobim,
publicada em 1937. Em 1984, o tefeense
Augusto Cabrolié escreveu sua “Síntese da
História de Tefé”. É a grande obra dos tempos modernos à cidade que resgata
a trajetória de história oficiais do município. Muitos pontos anotados por Cabrolié são referenciados na obra de Jobim. Apesar da obra de Cabrolié ser muito mais recente que a de
Jobim, já se tornou um escrito raro,
pois sua edição não foi repetida e assim é de difícil grau encontrá-la à
leitura. A não ser é claro pelas bibliotecas públicas da Capital do Estado. O pesquisador Protásio, que nomeia a atual biblioteca pública da cidade de Tefé, também muito contribuiu a se pesquisar a cultura e tradições sociais da cidade. Em 2018, o Dr. Claudemir Queiróz, outro nobre tefeense, revela Tefé através das letras, escreveu a obra: História de Tefé para Estudantes. A literatura regional também também destaca o nome de Luis Servalho como um romancista de Tefé. Obras sobre o continente memorial, aos municípios do interior do Estado, são
raras e cada vez mais escassas. O interesse dos habitantes dos 61 municípios do
Estado, em relação as suas raízes históricas, não tem sido costumeiramente um
foco de grande proporção, nem mesmo literário, a não ser como forma de
subsídios didático-escolares. E mesmo
assim, o interesse não evolui ao caso das coisas inerentes ao cenário de suas
próprias realidades. O patrimônio urbano que chegou aos dias atuais de Tefé,
também não colabora à curiosidade do morador local. A modernidade, o progresso
e os anseios de evolução, econômico-comercial, têm dilacerado a vontade à
preservação do patrimônio histórico a não posteridade da cidade. As visões de
projeção cultural do interior da Amazônia estão voltadas ao produto de massa
apenas, e não ao patrimônio histórico material (e imaterial) em si. Os tempos
de glórias e domínios da grande e antiga Comarca
do Solimões se foram. Estão sendo esquecidos a cada novo tempo da velha Vila de Ega. Da missão de Santa Teresa
restou o louvor a padroeira espanhola, da velha vila portuguesa, aos dias atuais.
Todo dia 15 de outubro ( dia dos professores) a cidade rememora e restaura sua fé em sua santa sábia de
Ávila.
A impressionante arquitetura, do clássico Seminário Católico de Tefé, constrói as, analogia e memória religiosa da cidade, de geração á geração, há mais de 120 anos. Apesar do rico legado cultural da edificação de época, o trato com a área de sua estrutura não é exclusivo. A orla da cidade, onde o foi instalado, começa a ser tomada por construções de outras edificações.
Comentários
Postar um comentário