Boi-Bumbá: Histórioa, Memória e Cultura do Estado do Amazonas
A emblemática história do boi de verdade que virou bumbá na cidade de Japurá-Am
Seu Manoel André (in memoriam) e dona Darcy Alves no Japurá
No estado do Amazonas existem centenas e centenas de bois-bumbás. É uma manifestação folclórica tipicamente amazônica. Mas o boi de pano, enquanto inventividade popular, não é privilégio apenas dos amazonenses. Outros estados da região, como o Pará e o Rondônia, também possuem o folguedo em seus cenários culturais. Contudo, foi no estado do Amazonas que a brincadeira de boi tomou uma proporção extremamente espetacular, a partir da criação do festival folclórico de Parintins, a 460 km de Manaus, no ano de 1965. Vários outros festivais foram surgindo no interior do estado, depois da criação e organização do festival folclórico do Amazonas, em Manaus.
Grupo de primeiras brincantes do boi-bumbá Viramundo do Japurá-Am
Entretanto, a história da criação de cada um daqueles, não se compara com a do Boi-Bumbá Viramundo, na cidade de Japurá-Am, localizada no distante e alto rio Japurá ou Yapurá (a 743 km de Manaus). Em 1982, segundo relatos do professor Prado Coelho, na cidade de Japurá, é fundado o seu I festival folclórico, e o mesmo teria posto o boi-bumbá Gitinho como uma das grandes estrelas da festa. Porém, em 2010, surge na cidade um novo expoente para fazer parte do seu cenário folclórico, o boi-bumbá Viramundo - do seu Manoel André Barbosa. Porém, o boi do seu Manoel André tem uma característica peculiar, não era de pano era de carne e osso, de verdade. Foi criado nos campos de Acanauí (distrito de Japurá) até que um dia, morreu... Era um xodó da fazendinha. E seu Manoel André, desde 2006 também já tinha partido para o campo estrelado do firmamento. Todavia, seus netos e bisnetos, resolveram homenagear ao avô e construir um boi, de cor marrom-escuro, para lembrar sempre da figura do velho seringueiro. A viúva de seu Manoel André, dona Darcy Alves (com 85 anos de idade), ainda permanece vendo e assistindo o boi Viramundo brincar nas noites mais animadas das temporadas de boi-bumbá, organizadas na cidade. Seu Manoel André foi seringueiro, mateiro, pescador, agricultor, foi tudo que um homem da floresta o é. Por todo o seu esforço e dedicação aos filhos e netos, ganhou postumamente, a eternização de seu boi de estimação, e seu nome permanece sendo repetido, a cada momento que o Viramundo entra na arena para fazer o olhar do público se alegrar.
O pajé do boi-bumbá Viramundo de Japurá - Lázaro Damasceno Neto (Neto cedeu as fotos do artigo). É neto direto de seu Manoel André.
Essa história é rara. A oralidade histórica e tradições do estado narram que os bois de pano e seus criadores sempre andaram juntos, em vida, ou foram consequência de alguma promessa de santo... Mas, em Japurá, o boi de seu Manoel André veio depois, muito depois de sua ida...É um boi muito especial. É de família, de memória e história caboclas. Carrega as cores azul e branco...
Epílogo
Seu Manoel André Barbosa faleceu no dia de Santa Rita de Cássia, 22 de maio de 2006. Em 2010, os netos, comovidos pelas histórias e saudades da infância, vividas todas na fazendinha do avô, resolveram ressuscitar o velho Viramundo dos pastos e campos do Acanauí (distrito rural do município de Japurá), o fizeram como o era: marrom, garboso, charmoso, como um eterno boi de pano. E assim, o avô nunca será mais esquecido. ..
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